sábado, 6 de dezembro de 2014

Hoje no Curso de Literatura de Autoria Feminina em Brasília lemos o Hino Homérico à Deméter, uma beleza só. Descrições de "mulheres de fundas cinturas" e a graça de moças de "finos tornozelos" nos remeteram às características femininas de outros tempos. A força do manto de Deméter e do manto da Hécate nos lembraram de outros arquétipos das mulheres sábias e velhas, quase sempre feias e assustadoras. Lembramos da história contada pela mulher de Bath quando o jovem encontra com a velha e tem de decifrar um enigma, uma pergunta formulada muito antes de Freud por Chaucer: mas afinal, o que querem as mulheres? Grandes reflexões e o tempo que passa muito rápido nestas manhãs de sábado cheias de descobertas e magia.



Quando começamos a trilhar juntas o caminho para Elêusis, este lugar misterioso onde Deméter pranteou a perda de sua filha Perséfone imaginamos quais seriam os rituais da mãe desesperada, e hoje lembramos das belas palavras do J. Campbell sobre o significado e importância dos rituais, sabedoras que um trabalho como este que empreendemos é um ritual imprescindível nas nossas existências.

"As pessoas me perguntam: Quais são os rituais que podemos adotar? Bom, antes disto é importante perguntar, para que se quer um ritual? Deveriam ter um ritual para sua própria vida. Todo ritual concentra as mentes naquilo que se está fazendo. Por exemplo, o ritual do casamento é uma meditação sobre o passo que se está dando, o aprendizado de ser parte de um par em vez de ser um indivíduo só. O ritual nos permite fazer o trânsito. O ritual nos introduz ao sentido do que está acontecendo. Uma ação de graças antes das refeições faz com que saibamos que vamos comer algo que já esteve vivo. Todo o ritual é desta ordem; põe a mente em contato com o que realmente estamos fazendo. O principal ritual na maioria dos ritos de iniciação da puberdade é um ritual onde mudam o seu nome. Morre-se para o nome anterior e renasce-se com outra identidade. O menino tem de “representar” a sua transformação num homem. A menina tem que “compreender” que é uma mulher. A vida o exige. O homem jamais tem uma experiência semelhante. É por isto que muitos rituais de iniciação masculinos são tão violentos, tanto que o homem sabe com segurança que já não é uma criança. E é por isto que um jovem tem de ser separado da sua mãe. Na nossa cultura há mães que compreendem isto e ajudam na separação. Nas culturas primitivas, ele são separados definitivamente.”

J. Campbell.











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