Hoje
no Curso de Literatura de Autoria Feminina em Brasília lemos o Hino Homérico à
Deméter, uma beleza só. Descrições de "mulheres de fundas cinturas" e
a graça de moças de "finos tornozelos" nos remeteram às
características femininas de outros tempos. A força do manto de Deméter e do
manto da Hécate nos lembraram de outros arquétipos das mulheres sábias e
velhas, quase sempre feias e assustadoras. Lembramos da história contada pela
mulher de Bath quando o jovem encontra com a velha e tem de decifrar um enigma,
uma pergunta formulada muito antes de Freud por Chaucer: mas afinal, o que querem
as mulheres? Grandes reflexões e o tempo que passa muito rápido nestas manhãs
de sábado cheias de descobertas e magia.
Quando
começamos a trilhar juntas o caminho para Elêusis, este lugar misterioso onde
Deméter pranteou a perda de sua filha Perséfone imaginamos quais seriam os
rituais da mãe desesperada, e hoje lembramos das belas palavras do J. Campbell
sobre o significado e importância dos rituais, sabedoras que um trabalho como
este que empreendemos é um ritual imprescindível nas nossas existências.
"As
pessoas me perguntam: Quais são os rituais que podemos adotar? Bom, antes disto
é importante perguntar, para que se quer um ritual? Deveriam ter um ritual para
sua própria vida. Todo ritual concentra as mentes naquilo que se está fazendo.
Por exemplo, o ritual do casamento é uma meditação sobre o passo que se está
dando, o aprendizado de ser parte de um par em vez de ser um indivíduo só. O
ritual nos permite fazer o trânsito. O ritual nos introduz ao sentido do que
está acontecendo. Uma ação de graças antes das refeições faz com que saibamos
que vamos comer algo que já esteve vivo. Todo o ritual é desta ordem; põe a
mente em contato com o que realmente estamos fazendo. O principal ritual na
maioria dos ritos de iniciação da puberdade é um ritual onde mudam o seu nome.
Morre-se para o nome anterior e renasce-se com outra identidade. O menino tem
de “representar” a sua transformação num homem. A menina tem que “compreender”
que é uma mulher. A vida o exige. O homem jamais tem uma experiência
semelhante. É por isto que muitos rituais de iniciação masculinos são tão
violentos, tanto que o homem sabe com segurança que já não é uma criança. E é
por isto que um jovem tem de ser separado da sua mãe. Na nossa cultura há mães
que compreendem isto e ajudam na separação. Nas culturas primitivas, ele são
separados definitivamente.”
J.
Campbell.
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